Os homens também sofrem por amor…

“Sim… acho que sim… que sofrem, pelo menos alguns. Pablo Neruda sofreu. Mas esse não conta, era poeta, e os poetas sabem amar e sofrer por amor como ninguém, porque o fazem através da poesia e isso permite-lhes esconderem-se através de meias palavras, meias verdades, escudam-se nas metáforas, nas hipérboles, dão o dito pelo não dito.

Mas a minha questão é: Como sofrem os Homens? Como exteriorizam a sua dor? Gostava de poder entrar dentro deles, conhecer os seus recantos mais profundos, conhecer aquele lado sensível que jamais desocultam, que guardam só para eles…

O que sentem eles quando perdem quem amam? Como manifestam a sua tristeza? Será que ouvem aquele CD? Que passam naquela rua? Como afastam eles os fantasmas da insonia? Será que fecham os olhos para nos ver, para sentir o nosso perfume, será que lutam por nós com todas as armas que têm?

Ou será que simplesmente se escudam através do orgulho e dizem: «Não faz mal, ela até nem não fazia o meu gênero e eu até nem estava muito arrebatado”… e procuram noutros braços, noutro perfume, a cura para a sua ressaca.

Seja como for, podemos ficar com a ilusão de que há Homens, como Pablo Neruda, que sofrem, que amam e que recordam que numa noite de Verão nos tiveram nos braços, que nos beijaram e nos amaram…”

“…
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo:
“A noite está estrelada, e tiritam, azuis os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta,
Posso escrever os versos mais tristes esta noite,
Eu a amei, e às vezes ela também me amou
Em noites como esta eu a tive entre meus braços
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito
Ela me amou, e às vezes eu também a amava
Como não ter amado seus grandes olhos fixos?
Posso escrever os versos mais tristes esta noite,
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi,
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como o pasto no orvalho
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la,
A noite está estrelada e ela não está comigo,
Isso é tudo…. ”

AUTOR: Pablo Neruda

(12 de fevereiro de 2007)

(Fonte: http://aspalavrasnuncatedirei.blogs.sapo.pt/26361.html)

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