[pullquote align=”left|center|right” textalign=”left|center|right” width=”30%”]Homem deve pagar R$ 10 mil por chamar mulher de ladra na web. Por causa da acusação, mulher perdeu o emprego no interior de SP.[/pullquote]
Quinta-Feira, 24 de Julho de 2014
Muita gente ainda não entendeu que as redes sociais são espaços públicos e que qualquer deslize pode acabar numa ação judicial. Vida privada exposta em ambiente público. A internet é um refúgio para muita gente. “Acaba sendo meio que um diário porque às vezes a gente não tem com quem conversar ou sei lá. A gente acaba desabafando”, fala a estagiária de direito, Daiane Paixão.
Mas as consequências vão além do mundo virtual. Em Sorocaba, no interior de São Paulo, um homem foi condenado a pagar R$ 10 mil de indenização a uma mulher porque a chamou de ladra numa rede social. Por causa disso, ela perdeu o emprego.
Em Brasília, há duas semanas, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) condenou um funcionário de um restaurante a pagar R$ 1 mil por ter difamado a empresa na internet. Ele fez acusações sobre assédio moral sem provas.
O limite entre o que é desabafo e o que pode se tornar difamação é tênue. Difícil de perceber. Algumas empresas têm contratado especialistas em recursos humanos para orientar os funcionários sobre o uso da internet. Nos treinamentos, eles ensinam regras de comportamento e alertam que a rede social não é um ambiente particular.
A consultora Emmly Mathias diz que a conduta dos funcionários na internet é critério para contratar, promover e demitir. “Hoje todos pesquisam o que acontece na internet. Hoje a empresa quando vai contratar um funcionário elas analisam os perfis, as redes em que ele participa para verificar quais são os valores, quais são os comportamentos, que imagem essa pessoa tem e muitas empresas continuam pesquisando mesmo depois que a pessoa é contratada”, fala. A orientação é:
- não fazer acusações na internet;
- evite fazer postagens durante o trabalho;
- não comentar sobre questões sigilosas ou que causem constrangimentos.
As regras valem para vida profissional e pessoal. A advogada do trabalhista, Simone Jajjar, alerta que a liberdade de expressão, garantida pela Constituição, não dá direito de prejudicar a imagem de uma empresa ou de qualquer pessoa. “Esse direito tem limite, não pode ser exercido de uma forma irresponsável e se colocar toda e qualquer palavra e em redes sociais. Porque essas palavras vão ser difundidas na sociedade. Elas vão trazer consequências”. O auxiliar administrativo Geisson Martins de Souza diz que hoje não dá para viver sem redes sociais, mas a discrição é fundamental. “Nada de estar expondo a sua vida pessoal não. Isso não é muito bom não”, diz.