By cintiacosta in Feminismo, Português fevereiro 13, 2014 13 Comments
O post em que eu explico [porque mulher não gosta de cantada na rua http://cintiacosta.com/2014/02/13/quando-um-homem-sofre-com-assedio-e-cantada-na-rua/cintiacosta.com/2011/02/16/o-que-os-homens-nao-entendem-sobre-cantadas/] viralizou essa semana. E, como era de se esperar, estou recebendo um milhão de comentários, entre mulheres que se identificaram com o texto, homens sem noção achando que estamos todas mentindo ou exagerando e gente refletindo sobre como elogiar alguém de um jeito legal e não invasivo.
Muitos compartilharam comigo este vídeo, que coloca um homem no lugar de uma mulher e mostra o tipo de incômodo que a gente sofre diariamente, e também um tipo de violência que, infelizmente, já aconteceu com muitas de nós.
Achei curioso e bastante inverossímil, justamente porque homens não passam por situações como ter que olhar pro lado antes de abrir um botão a mais da camisa por calor, para que não confundam com provocação e mexam com você, ou então ter suas escolhas questionadas por se vestir demais ou de menos, como na cena com o rapaz muçulmano. Claro que esse é justamente o objetivo: causar um estranhamento e dizer “magina, isso é um absurdo” para que a gente pensa “se achamos um absurdo isso acontecer com um cara, porque não achamos o mesmo quando acontece com uma mulher?”.
Por outro lado, acho que não mostra direito a questão do medo que a gente sente. Porque a vítima dos assédios no filme é maior e mais forte que as pessoas que o assediam. A gente, quando é assediada, é geralmente por alguém maior e mais forte, e que poderia facilmente nos bater ou forçar algo a mais. Tenho pavor só de pensar…
De qualquer maneira, é um bom filme para o exercício de se colocar do outro lado. Fiquei aqui pensando que bom seria um mundo em que a gente pudesse correr sem camisa num dia quente de verão, como qualquer homem faz, sem ser alvo de gracinhas e obscenidades (não tô nem falando em olhares). E como seria horrível um mundo em que nós, mulheres, fôssemos tão mal-educadas como certos caras são com a gente nessa questão da cantada na rua, do assédio, de achar que se vestem e saem na rua só pra serem avaliados por nós. Credo…