7 de agosto de 2017 às 14:00
Quem já quebrou punho, braço ou dedos das mãos sabe que até hoje ainda é comum usar uma técnica antiga para resolver a situação: a imobilização com gesso. Entre as lesões ocorridas com brasileiros, 60% são nessas partes do corpo. Apesar da alta ocorrência, o tratamento na maioria das vezes é o mesmo desde o século 19.
No entanto, o gesso coça, esquenta, pesa e fica com mau cheiro. Algo bem desagradável. Com o objetivo de diminuir esses desconfortos e facilitar o trabalho de profissionais como enfermeiros, uma equipe multidisciplinar criou, em 2015, a Fix it, uma startup que está reinventando a forma como as pessoas tratam lesões ortopédicas que necessitam de imobilização.
“Acreditamos que quando um trauma acontece, os procedimentos aplicados devem ser os mais práticos, eficientes e confortáveis possíveis. Com os modelos tradicionais de imobilizadores isso não acontece. Dessa forma, aliamos novas tecnologias com a expertise de vários profissionais para liderar um novo caminho no tratamento de lesões e imobilizações, com tecnologia, praticidade e conforto”, explica Felipe Neves, CEO da Fix it.
Os produtos da Fix it são fabricados em impressoras 3D, a partir de um biopolímero (plástico) renovável e biodegradável. Logo, eles podem ser molhados ou mergulhados em água tranquilamente. Além disso, pela característica termoplástica do material, os imobilizadores, mesmo que sejam fabricados em placas, ajustam-se perfeitamente à anatomia do membro do paciente de forma rápida e prática. Para finalizar, a startup apostou em um design inovador: colorido, arejado e anatômico para que a experiência do usuário durante o tratamento seja a mais confortável possível, sem fazer com que ele perca a autonomia.
Tanta praticidade é vista também na hora de aplicar o produto. “O paciente escolhe a cor do imobilizador e nós definimos o tamanho ideal. Depois, basta mergulhar a peça em água quente (aproximadamente 60°) e aguardar para que fique maleável. Em seguida, fazemos a moldagem no membro, respeitando sua anatomia. Após alguns segundos, a peça esfria e torna-se rígida novamente, promovendo a imobilização eficiente”, relata.
Este processo também é interessante para as clínicas e hospitais, já que torna a imobilização mais ágil e prática.
Além disso, também anula os problemas inerentes ao manuseio do gesso, como inalação do pó pelos profissionais e a sujeira que ele causa no ambiente.
A Fix it é uma das dez empresas selecionadas para fazer parte do programa de aceleração da Braskem, o Braskem Labs. “Estamos felizes por este reconhecimento, isso faz com que a gente acredite ainda mais no nosso potencial e no impacto positivo que queremos causar. Temos muito trabalho pela frente. Esperamos que com o programa a gente melhore a expertise em polímeros e em modos de fabricação em larga escala, nossos principais desafios”, ressalta Neves.
Expandir é difícil para a Fix it justamente por não conseguir produzir em grande escala. Atualmente, a startup possui quatro produtos: o Fix it de Punho, indicado para fraturas do antebraço e do punho, tendinite e síndrome do Túnel do Carpo; o Fix it de Punho Slim para quem deseja prevenir lesões causadas por repetições; o Fix it de Dedo, que serve para fraturas e traumas nas articulações dos dedos; e os Raspadores Miofasciais, equipamento que auxilia na mobilização da fáscia muscular.
O problema é que apesar da qualidade das peças serem bem similares ao processo industrial, o fato de serem todas fabricadas por meio de impressão 3D torna o processo muito mais lento. Daí a dificuldade de produção em larga escala.
“Por isso, o Braskem Labs é tão importante para nós. Temos o intuito de encontrar alternativas mais viáveis para fabricação dos nossos produtos”, finaliza.
Ficou curioso para conhecer as outras empresas selecionadas para a terceira edição do Braskem Labs? Confira!