Guarda compartilhada

Quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A guarda compartilhada de filhos menores, é o instituto que visa a participação em nível de igualdade dos genitores nas decisões que se relacionam aos filhos, é a contribuição justa dos pais, na educação e formação, saúde moral e espiritual dos filhos, até que estes atinjam a capacidade plena, em caso de ruptura da sociedade familiar, sem detrimento, ou privilégio de nenhuma das partes. (…)

Garanto que seu amigo advogado vai lhe dar pareceres mais qualificados que eu. Mas, no meu caso, eu e minha ex tivemos a mesma opinião sobre isso. Não queríamos que eu fosse pai de fim de semana. Não queríamos entregar nossa filha a babás durante muito tempo.

A princípio, antes dela entrar pra escola, eu a buscava quando podia, a qualquer hora. Dormia com ela, saia, brincava em casa. Muitas vezes trabalhava na sala enquanto ela desenhava ao meu lado, só pra ficar perto dela. De vez em quando parava, brincava uma meia hora e voltava ao trabalho. Outras vezes passava uma manhã ou uma tarde com ela e a devolvia à mãe. Um ano depois ela entrou para a escola, à tarde. Ficou bem mais fácil para mim programar os dias em que ficaria com ela. Como ambos somos autônomos e trabalhamos em casa, tentávamos nos liberar nas manhãs em que estávamos com a guarda. A escola funciona como uma câmara de descompressão.

Enquanto ela era muito pequena e sentia muito a falta da mãe era assim, mamãe leva e papai busca (nas palavras de nossa filha). Ou seja, alternávamos os dias. Estávamos sempre com a cabeça fresca e com saudades de nossa criança. Um dá almoço e leva pra escola e o outro busca, dá banho, dorme com ela, passa a manhã, almoça, leva pra escola e assim por diante. Fins de semana eram divididos mais livremente de acordo com os planos de cada um. Combinamos certas regras como hora de dormir, cardápio, hora de lanche, hábitos diários. Tudo teria que ser igual na medida do possível para que ela não sentisse que passava de um mundo para outro a cada dia. Nas duas casas ela tem um quarto com suas coisinhas, organizada de maneira parecida. Tentamos repreender suas desobediências também da mesma maneira, com muita conversa, castigos e raramente, uns beliscões (sem unha) na bunda.

Depois de um ano assim tentamos fazer diferente. É o típico erro de mexer em time que está ganhando.

Apesar da nossa ótima intenção. Algumas opiniões, alegando que a criança ficava dividida, que teria chances de desenvolver dupla personalidade, que não conseguiria nunca ter um cotidiano normal, fizeram com que nós dividíssemos a semana ao meio. Numa semana ela ficava quatro dias comigo, na outra, quatro dias com a mãe. E certa tarde quando fui pegá-la pela terceira vez consecutiva na escola, ela pediu pra eu levá-la para a casa da mãe ou não iria comigo. Fiquei baqueado. Mas foi bom para eu descer do salto alto me achando de certa forma igual a uma mãe. Crianças têm um apego pela mãe, normalmente, muito maior do que pelo pai nessa idade. Ela tinha três e meio. Fomos a uma psicóloga, e ela nos disse algo que já sabíamos. Crianças que estão com problemas demonstram isso. Se a criança é feliz, come bem, é comunicativa, se relaciona normalmente com outras crianças, ela está bem. Qualquer distúrbio psicológico aparece no comportamento da criança e não é preciso ser um profissional para ver isso. Nós, pais e mães que convivemos e conhecemos nossos filhos sabemos quando alguma coisa vai mal. Pois bem, voltamos a alternar os dias e a partir dos 5 anos eu fico dois dias com ela, a mãe dois dias e no fim de semana sempre conversamos sobre o que seria mais adequado aos três. Cada caso é um caso e existem várias profissões dos pais que inviabilizariam isso.

Mas até os sete anos a criança precisa e muito dessa presença dos pais em suas vidas. Haja vista o tanto de sociopatas entre 30 e 40 anos filhos da geração trabalho acima de tudo. Grana é essencial, inclusive para garantir uma boa educação para nossos filhos. Mas eles precisam muito de atenção se o objetivo desta nossa luta diária for fazer que eles sejam pessoas íntegras e independentes quando adultos.

Quando minha filha ficar maiorzinha, provavelmente ela irá optar por uma casa ou outra, ou até mesmo quando serão os dias do pai e da mãe. Mas até lá ela já teve a convivência com os dois, já assimilou as referências e a influência de ambos, já tem uma personalidade mais formada, e o que é melhor, formada também pelas experiências que teve com a convivência de ambos os pais.

(Fonte: http://manualdopaisolteiro.blogspot.com/2009/11/guarda-compartilhada.html, data de acesso 10/07/2018)

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