Logo que entram na puberdade, eles costumam deixar os cuidados com a saúde de lado
Por Equipe Versar – 17 de setembro de 2018
Por CAMILA KOSACHENCO
Os cuidados com a saúde na adolescência frequentemente são negligenciados, especialmente entre os meninos. Médicos urologistas relatam que o dia a dia do consultório revela a ausência dos guris dessa faixa etária. Enquanto as meninas são levadas ao ginecologista tão logo entram na puberdade, eles passam anos a fio desassistidos.
– O adolescente entra em uma zona de ausência de assistência médica. Via de regra, na puberdade, o menino fica desassistido. É cultural levar as meninas ao ginecologista nessa fase, mas o paralelo do menino com o urologista não existe – aponta o urologista Daniel Suslik Zylbersztejn, especializado em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
– Menino consulta se tem uma questão intercorrente: quando surge uma doença ou algo do gênero. Dificilmente o pai leva o menino para fazer uma avaliação – afirma Ernani Rhoden, professor de Urologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Os especialistas listam (e respondem) as dúvidas mais comuns dos meninos nos consultórios. Confira:
Por que tenho dificuldade de ereção?
Segundo especialistas, isso é bem comum na adolescência em razão do nervosismo. A dica é, se possível, relaxar.
É normal ter testículos de tamanhos diferentes?
Sim. Os testículos podem ser simétricos ou discretamente assimétricos, com uma diferença de 20% entre eles. O crescimento dos testículos pode ocorrer até os 21 anos, mas, se a diferença for superior a 20% mesmo após a puberdade (até por volta dos 18 anos), é preciso investigar possíveis doenças.
O tamanho do meu pênis está normal?
Um pênis flácido tem de 5 cm a 10cm, com 2cm de diâmetro. Quando ereto, podem chegar a 12cm de cumprimento e 3cm de diâmetro. Especialistas lembram que só deve haver preocupação quando o órgão ereto tiver menos de 7cm, o que pode indicar síndromes genéticas, alterações hormonais ao longo da gestação e malformações.
Masturbação demais faz mal?
Não há doença alguma que seja gerada pela frequência das masturbações. O ato de se masturbar é natural e esperado na adolescência. Ele serve para o jovem conhecer melhor o seu corpo e os pontos de maior excitabilidade.
Minha altura está normal?
Apesar da herança genética, boa alimentação, estilo de vida saudável e boas noites de sono, os médicos usam um cálculo que pode estimar a altura na vida adulta: altura da mãe + altura do pai divido por dois + 10cm.
As doenças mais comuns entre os meninos adolescentes
Varicocele: dilatação nas veias dos testículos que é a causa mais comum de infertilidade – está presente em cerca de 20% a 25% da população masculina em geral. Tratável, a doença não apresenta sintomas e só é detectada com exame físico dos genitais.
Tumor no testículo: câncer mais comum entre homens de 20 a 40 anos, tem como principal sintoma o aumento do volume da bolsa escrotal ou a palpação de um “caroço” no testículo. Mais de 95% desses tumores são curáveis. Meninos, pais e mães devem ficar atentos a esse sinal, pois, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais simples os tratamentos.
Fimose: consiste em um anel de constrição na pele que recobre a glande do pênis (prepúcio), dificultando ou impedindo a exposição da glande (cabeça do pênis). Os sintomas, em crianças, podem ser infecções locais e urinárias, em razão da dificuldade de higienização do local, e até mesmo problemas para urinar.
Balanopostite: processo inflamatório que ocorre no pênis e afeta a glande e o prepúcio. A causa mais comum é uma infecção aguda causada pelo fungo candida albicans. Não é uma DST, pois ser transmitida sem a realização de penetração, embora o casal possa compartilhar o fungo durante o ato sexual. O tratamento é feito com cremes tópicos e medicação via oral.
Ejaculação precoce: é caracterizada pela ejaculação que ocorre sempre, ou quase sempre, quando o tempo desde a penetração vaginal até a ejaculação passa a ser insatisfatório para o homem ou para o casal. No jovem, a causa costuma estar relacionada à ansiedade e à inexperiência do ato sexual. O tratamento é realizado basicamente por meio de psicoterapia sexual e de farmacoterapia.
Saiba mais:
No site da Sociedade Brasileira de Urologia há informações sobre DSTs, drogas, prevenção à gravidez, ejaculação precoce, puberdade, atividade física, entre outros temas: portaldaurologia.org.br/jovem