Historicamente, a epilepsia traz uma bagagem de preconceitos e estigmas que envolvem questões sociais e psicológicas que vão além da medicina. Por isso, é preciso desmitificar essa enfermidade que atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo, e cerca de 3 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são recorrentes e geram as crises epilépticas. As crises podem se manifestar com alterações da consciência ou eventos motores, sensitivos/sensoriais, autonômicos (por exemplo: suor excessivo, queda de pressão) ou psíquicos involuntários percebidos pelo paciente ou por outra pessoa.
A seguir, a Dra. Adélia Henriques Souza, neurologista infantil e presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) esclarece alguns mitos e verdades ao redor da doença:
- A epilepsia é uma doença contagiosa – MITO
A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença. - Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa – MITO
Durante uma crise o ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir. - Toda convulsão é epilepsia – MITO
A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia. - Epilepsia é uma doença mental – MITO
A epilepsia é uma doença neurológica, não mental. - Os pacientes com epilepsia não podem dirigir – MITO
Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente com epilepsia que se encontra em uso de medicação antiepiléptica poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica – dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises epilépticas e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida. - É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia – VERDADE
Sim, é possível. A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas APRESENTAM-SE de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono. - O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia – VERDADE
O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica. - Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises – VERDADE
Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle. - A epilepsia pode acometer todas as idades – VERDADE
A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida. - O paciente com epilepsia pode ter uma vida normal – VERDADE
Pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.
A Liga Brasileira de Epilepsia é uma associação que congrega médicos e outros profissionais dedicados à saúde das pessoas com epilepsia
Contatos: secretaria@epilepsia.org.br; Rua Teodoro Sampaio, 741 Conj. 94
CEP: 05405-050 – São Paulo – SP
FONTE DA PESQUISA: https://www.neuraxpharm.com/pt/blog/8-coisas-que-precisa-de-saber-sobre-a-epilepsia-as-nocoes-basicas