Segundo muitos estudos a Fibromialgia é mais prevalente nas mulheres do que nos homens, sendo que a prevalência é de cerca de 10% de homens diagnosticados com Fibromialgia. Alguns fatores poderão contribuir para estas estatísticas, não tendo em conta muitos homens com Fibromialgia que se encontram sub diagnosticados e sub tratados. Uma das razões pode ser o fato de os homens não se queixarem e não irem com tanta regularidade ao médico, tal como as mulheres.
Como a Fibromialgia é predominantemente uma doença diagnosticada em mulheres torna-se desafiante para o homem ser diagnosticado com esta doença. No entanto convém ter em conta que o género poderá ser um dos fatores de risco da Fibromialgia associado, a outros fatores de risco como alterações de humor e depressão, história pessoal de doenças reumáticas e história familiar de fibromialgia.
Os homens com Fibromialgia experienciam praticamente os mesmos sintomas sentidos pelas mulheres, no entanto os sintomas podem surgir de forma diferente e como se sabe, variam de pessoa para pessoa. Alguns estudos defendem que os sintomas da Fibromialgia nos homens não são tão intensos e incapacitantes como nas mulheres e outros estudos defendem que são sentidos e vivenciados da mesma forma.
Segundo alguns investigadores os homens podem ter diferenças com as mulheres na forma como sentem a dor, pois poderão sentir a dor com menos intensidade, ter menos zonas corporais sensíveis e dolorosas. Ao mesmo tempo podem apresentar menor prevalência de fadiga, depressão e os seus sintomas podem estar muito agravados, dado ao grande período de tempo desde o seu aparecimento até à primeira vez que o homem vai ao médico.
Os homens têm grande dificuldade em consultar um médico quando se sentem doentes, com medo do estigma associado à doença, pois podem ser apelidados de preguiçosos, fracos, ser considerados menos masculinos ou mesmo como vítimas por se queixarem. Ao mesmo tempo, os homens têm receio de ter o diagnóstico de Fibromialgia, pois receiam ser afetados no trabalho, quer na sua manutenção quer quando concorrem para um emprego e receiam os impactos que isso poderá ter na sua família.
Após o diagnóstico de Fibromialgia, os homens podem encontrar e assumir algumas diferenças na forma como gerem e lidam com a doença, levando a um grande impacto na sua saúde física, mental e emocional. Um dos grandes impactos da doença é os homens sentirem que falharam como marido, pai e como cuidador da família, o que vai interferir com o seu ego e masculinidade. Para contrariar esta linha de pensamento os homens precisam aceitar que a doença não os torna mais fracos, pois para desempenharem as suas funções e tarefas, com a doença, até precisam de ter uma grande reserva de força e esforço, mais do que se se sentissem saudáveis.
Quando os homens assumem que vivem com Fibromialgia e conversam com o seu médico assistente é mais fácil encontrar um tratamento adequado para a sua condição de saúde que lhes permita viver com qualidade e manter a sua vida profissional, familiar e social, sem grandes constrangimentos.
Tal como acontece com as mulheres o tratamento para a Fibromialgia nos homens deve passa pela combinação de um tratamento farmacológico, individualizado e adaptado, com a adoção de hábitos de vida saudáveis, com alterações na sua dieta, na prática de exercício (adaptado à sua condição física). Ao mesmo tempo é muito importante a inclusão de apoio psicológico, para que o homem expresse os seus sentimentos e emoções, falando de como a doença está a afetar as várias áreas da sua vida e encontrando estratégias que aumentem a sua autoestima e permitam o encontro de um sentido para o que está a viver.
Também é aconselhado aos homens com Fibromialgia a prática de algumas terapias como o Yoga, Tai-Chi, caminhada, natação e bicicleta, tendo sempre em conta a sua condição física e de saúde, associando um plano de exercício personalizado, de modo a evitar o agravamento dos sintomas da Fibromialgia.
Se o diagnóstico de Fibromialgia nos homens parece ser desafiante para eles e para os médicos, dados os fatores já mencionados, o tratamento e acompanhamento não tem que ser sentido e vivido dessa forma. Para isso é preciso que os homens, quando começam a sentir alguns sintomas da Fibromialgia, procurem ajuda médica para que possa encontrar formas de viver com qualidade de vida e gerir a sua doença.
Autor: Ricardo Fonseca
Este artigo foi escrito pelo autor para utilização pela Myos e não pode ser reproduzido em outros sites, blogues e páginas, sem a expressa autorização do autor e da Myos.
Fontes:
https://www.medicalnewstoday.com/articles/315422.php
https://www.verywellhealth.com/fibromyalgia-in-men-716130