Diagnóstico da doença é realizado a partir da combinação entre a avaliação clínica, exames de sangue e de imagem
Lucas Rochada CNN em São Paulo – 12/11/2022 às 04:00
O câncer de testículo compreende a 5% dos tumores que afetam o homem. A doença rara atinge principalmente homens em idade produtiva – entre 15 e 50 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A campanha Novembro Azul promove a conscientização sobre os cuidados com a saúde do homem e enfatiza a importância do acompanhamento médico periódico para o diagnóstico precoce de doenças.
Os sinais e sintomas do câncer de testículo podem ser confundidos com os de outras condições que afetam a região genital, atrasando o diagnóstico adequado.
Evolução da doença
O câncer de testículo tem um perfil agressivo, com uma rápida capacidade de evolução devido ao alto índice de duplicação das células tumorais. O diagnóstico precoce reduz as chances de metástase, que consiste no espalhamento da doença para outras partes do organismo.
O sinal mais comum da doença é o surgimento de um nódulo, ou caroço, com aspecto duro e geralmente indolor. Outras alterações nos testículos podem indicar a presença do tumor, como aumento ou diminuição no tamanho do glândula ou endurecimento da glândula.
Os pacientes também podem apresentar dor sem motivo aparente na parte baixa do abdômen, sangue na urina e aumento ou sensibilidade dos mamilos.
Conheça os fatores de risco
Os fatores de risco associados ao câncer de testículo incluem o histórico familiar da doença, principalmente parentes de primeiro grau, como pai ou irmãos. Pacientes que tiveram tumor anteriormente no outro testículo têm mais chances de desenvolver a doença.
Homens acometidos por uma condição chamada criptorquidia, que é quando um ou os dois testículos não descem para a bolsa escrotal, também apresentam risco aumentado para a doença.
Diagnóstico do câncer de testículo
Para detectar o câncer precocemente, os homens devem fazer um autoexame dos testículos periodicamente.
“O ato de palpar o testículo a partir dos 20 anos de idade e, a qualquer sinal de algum caroço, procurar um médico é a nossa maior estratégia para a detecção precoce”, disse o médico Franz Campos, chefe da Seção de Urologia do Inca.
Alterações em marcadores como alfa-fetoproteína (AFP), beta HCG e lactato desidrogenase (LDH), identificados por exames de sangue, também podem indicar a presença do câncer de testículo.
O diagnóstico é realizado a partir da combinação entre a avaliação clínica, exames de sangue e de imagem como a ultrassonografia e a ressonância magnética da bolsa escrotal.
“Os exames de imagem permitem a observação do nódulo, normalmente bem vascularizado. O câncer tem essa característica de se alimentar de novos vasos, o que faz com que o crescimento seja bem exacerbado”, explica Campos.
A confirmação do diagnóstico pode ser feita durante a cirurgia, pelo médico patologista. No mesmo procedimento, é realizada a retirada do testículo afetado e inserida uma prótese de silicone com o objetivo de manter o mesmo aspecto estético da glândula.
A retirada do testículo não prejudica a função sexual do paciente. A capacidade reprodutiva também é mantida, desde que o outro testículo esteja saudável.
Como é feito o tratamento do câncer de testículo
O tratamento varia de acordo com o caso e pode ser realizado por quimioterapia, radioterapia ou acompanhamento clínico. A escolha depende de investigação, que avalia a presença ou a possibilidade de disseminação da doença para outros órgãos.
Após a retirada do testículo, os pacientes são submetidos a uma análise chamada tecnicamente de estadiamento, que investiga a presença da doença em outras partes do corpo.
Na situação de metástase, o câncer de testículo pode atingir a região do abdômen, os pulmões e o cérebro. Por isso, os médicos realizam exames de tomografia do abdômen e do tórax e, eventualmente, do crânio.
“Nessa tomografia, se forem identificados nódulos no abdômen ou nos pulmões, damos início à quimioterapia. A primeira fase do tratamento utiliza uma medicação chamada platino. A resposta à quimioterapia, se houver pouca doença no abdômen e no tórax é acima de 90%”, explica Campos.
Em casos mais graves, que não respondem completamente ao tratamento quimioterápico, os pacientes são submetidos a uma cirurgia para ressecamento dos tumores restantes.