Existem vários fatores que podem levar um indivíduo ao aumento de peso ou à obesidade: é uma doença de múltiplas causas.
Pode ocorrer por meio de alterações hormonais, genéticas, ambientais e também – o que muita gente custa a aceitar – psicológicas, seja como causa ou efeito.
É um fato científico comprovado que as perturbações psíquicas têm papel fundamental na gênese da obesidade.
As dificuldades afetivas podem precipitar, em pessoas vulneráveis, alteração no comportamento alimentar, levando-as a comer além do necessário ou até compulsivamente. Neste sentido, o alimento substitui o afeto perdido e o indivíduo encontra certo alívio através de um excesso que “preenche” o vazio emocional.
“A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor” Titâs
Pessoas ansiosas, depressivas e estressadas, que se sentem rejeitadas, sozinhas, que sofrem perdas ou passam por qualquer conflito emocional, como frustrações ou insatisfações, são as mais propensas a desenvolver a obesidade psicológica.
Tais conflitos colaboram para que o indivíduo compense esses problemas aumentando o consumo de determinados alimentos altamente calóricos, como doces e principalmente o chocolate, que induz o organismo a secretar mais serotonina, hormônio que causa sensação de prazer e bem-estar.
Em situações de estresse, por exemplo, o corpo secreta um hormônio
chamado cortisol, que libera aminoácidos do músculo, levando-os até o fígado, onde os transforma em açúcar e, posteriormente, em gordura.
Em paralelo, a pessoa retém líquidos e acumula tecido adiposo (gordura corporal), principalmente na região do abdômen. Por este motivo, há algumas pessoas que não comem quase nada e, ainda assim, engordam: o organismo já está totalmente desregulado. O que favorece o surgimento de uma maior instabilidade emocional provocada pela alteração da imagem física.
Sentindo-se gorda, a pessoa começa a recorrer a tratamentos mágicos, um hormônio emagrecedor, uma operação, uma medicação ou as tão divulgadas fórmulas e soluções milagrosas.
Assim, na dinâmica do conhecido “efeito sanfona”, ora estão muito gordas, ora muito magras, essas pessoas tendem a desenvolver, quando não tratadas, distúrbios no comportamento alimentar, relacionados a fatores inteiramente emocionais, como bulimia, anorexia, e o chamado Transtorno do Comer Compulsivo, que leva à obesidade.
O peso das emoções: equilíbrio mente e corpo
Para fazer as pazes com a balança, é fundamental estar em paz consigo mesmo. O tratamento adequado não envolve somente a redução de peso, trata-se de uma mudança de comportamento que deve ocorrer de dentro para fora.
Emagrecer é muito mais do que fazer dietas, praticar exercícios e fazer uso de medicamentos.
Consiste na firme disposição de modificar o estilo de vida.
Uma educação gradual envolve uma mudança dos hábitos alimentares e da estrutura emocional, e a manutenção de um peso adequado, e não simplesmente a redução das calorias por determinado tempo.
O tratamento envolve reeducação alimentar com baixo valor calórico, hábitos saudáveis e acompanhamento psicológico. Consiste em uma avaliação nutricional abrangente e a determinação das necessidades nutricionais individuais e elaboração de plano alimentar.
A orientação para a prática de atividade física, que colabora na perda de peso e mobilizam os estoques de gordura do tecido adiposo, como também a correção estética, são complementos que colaboram para a redução de medidas, ajudando a aliviar a ansiedade, gerar autoestima e principalmente melhorar a saúde como um todo.
O tratamento psicológico possibilita que o individuo se reestruture emocionalmente e aprenda a desenvolver recursos para lidar com suas questões, tornando-o mais reflexivo diante das dificuldades e na busca por soluções; ajuda a superar conflitos emocionais, colabora para ampliar a consciência sobre si mesmo, promove equilíbrio emocional, detecta o ativador da ansiedade que leva à compulsão (o ato de comer é um poderoso redutor de ansiedade), e, entre outras coisas ajuda o indivíduo a aprender a lidar e a controlar o que o angustia, para não buscar refúgio na comida, pois tal mecanismo gera mais angústia, pela culpa.
Mary Scabora