Legado. Karai Okenda, 40, vai ministrar rituais ao lado do pai, o líder espiritual Werá Tupã
Publicado em 10/11/15 – 04h00 – Ana Elizabeth Diniz – Especial para O Tempo
Índios da tribo mbya guarani vão fazer rituais de purificação
Atualmente há 120 pessoas do povo mbya guarani, que vivem na aldeia Mymba Roka, terra indígena Sorocaba de Dentro, na região da Grande Florianópolis, em Santa Catarina.
A rotina ancestral ainda é mantida pelos mais velhos, que acordam entre 5h e 6h, preferencialmente antes de o sol nascer, para fortalecer o corpo físico, a vida e os pensamentos.
Grande parte da alimentação vem do próprio plantio de milho, batata doce, mandioca, feijão e hortaliças. A sobrevivência da tribo vem da venda do artesanato e da renda de alguns índios que trabalham como agentes de saúde do Estado.
Alcindo Moreira, cujo nome indígena é Werá Tupã, 105, é o líder espiritual da tribo, sua esposa, Rosa Mariane Potydja, 100, é a xamã, e Geraldo Moreira, Karai Okenda, 40, o filho.
Eles são guardiões dessa tradição e dessa sabedoria ancestrais, que serão compartilhadas por meio de palestra, atendimento individual e ritual em Belo Horizonte e Casa Branca.
“A cultura guarani traz muitos ensinamentos para a vida, por meio da conexão com o mundo natural e com a essência do nosso coração. Faremos a cerimônia guarani, que é um ritual ancestral milenar, em que o fogo sagrado ilumina os corações ao encontro da essência divina em cada ser. Através do Pai Sol, Nhamandu Eté, expandimos a comunhão verdadeira com a Mãe Terra, Nhandexy Eté”, comenta Karai Okenda.
A vida dos índios guarani é permeada todo o tempo pela lembrança e a reverência ao Pai Sol e à Mãe Terra. “Temos um profundo relacionamento com a Terra, que representa nossa mãe, e com o Sol, nosso pai. Sem eles não sobrevivemos. Por isso, eles estão presentes em nossos rituais”, diz Okenda.
O mesmo ritual ancestral repetido pelos seus avós e pais ainda faz parte do cotidiano da tribo. “Ao acordar, agradecemos ao Sol e à Mãe Terra pela nossa vida, pelo fato de estarmos aqui e por nossa missão. Somos um pedacinho da natureza e repetimos essa celebração repassada de geração em geração”, ensina Okenda.
Tudo que está acima da humanidade, como Tupã, o Sol, os índios guaranis consideram como pai, obra de Yamandu, o Deus Criador de todo o universo. “Celebramos esse presente por meio de rituais, rezas, cantos e danças. Pela manhã, agradecemos a Tupã, que ilumina nosso caminho, nos dá a vida, e o alimento, por meio da fecundação de todas as plantas”, comenta o índio.
Okenda diz que seu pai é um líder espiritual, um sábio com conhecimento ancestral que orienta não apenas as pessoas da tribo, mas todos aqueles que o procuram.
“Quando faz um atendimento individual, ele vê os problemas das pessoas sem que elas precisem dizer alguma coisa. Ele sabe se o problema está no físico, no campo emocional ou no espiritual. Por meio de benzimento e chás de ervas utilizadas pelo nosso povo, ele trata cada ser”, finaliza Okenda.
Na cerimônia que pai e filho vão realizar no distrito de Casa Branca haverá rezas ao redor do fogo, em um ritual de purificação e cura para todas as pessoas de todo o planeta”, finaliza.
AGENDA: De 17 a 20 de novembro acontecem os atendimentos individuais por meio de limpezas energéticas, aconselhamentos e entrega de ervas guaranis, para chás e banhos.
No dia 18 acontece a palestra “Cosmovisão Guarani – A Sabedoria do Céu e da Terra” e no dia 21, a cerimônia tradicional guarani.
Informações: (31) 98743-9754 ou pelo e-mail: pedrofadida@yahoo.com.br.
A jornalista Ana Elizabeth Diniz escreve neste espaço às terças-feiras. E-mail: anadiniz@terra.com.br.