Sandro Lenzi
Uma patologia muito comum em quem faz o uso de esteroides anabolizantes, a ginecomastia é muito observada também em jovens na puberdade e em doenças que acarretam disfunções hormonais.
O metabolismo humano é bastante complexo e qualquer alteração em seu funcionamento, pode trazer condições adversas. Neste sentido, todo o complexo sistema hormonal tem de estar sempre bem alinhado com o que se propõe, pois caso contrário, teremos uma série de problemas. A ginecomastia é uma delas, que no geral, é oriunda de um metabolismo hormonal desregulado.
A produção de hormônios em nosso organismo estimula o crescimento e a modificação do nosso corpo.
Hormônios como estradiol e progesterona são responsáveis por mudanças significativas no corpo da mulher, como por exemplo, o crescimento mamário, o desenvolvimento alveolar, entre outras situações que acontecem na passagem da infância para a idade adulta.
Veja agora o que causa a ginecomastia e por que este é um problema que muitos homens vem enfrentando.
O que é Ginecomastia e suas causas?
Antes de falarmos especificamente da ginecomastia, precisamos entender a ação dos hormônios, que são substâncias químicas fabricadas pelo sistema endócrino e pelo sistema nervoso, para desempenharem funções específicas em nosso corpo. Estes, são transportados e metabolizados na corrente sanguínea e em outros fluidos.
Além disso, em dados momentos da vida, os hormônios têm a função de modificar estruturas e tecidos de nosso corpo.
Falando especificamente da ginecomastia, esta é uma doença que acomete homens principalmente e é decorrente de um problema de desregulação hormonal. Em termos práticos, a ginecomastia é uma doença que causa o aumento das glândulas mamárias em homens, fazendo com que a região do peitoral, mais especificamente na região dos mamilos, seja aumentada.
Narula (2007) define a ginecomastia como sendo “a proliferação benigna do tecido glandular mamário no homem, que se estende de forma concêntrica a partir do mamilo.
Este aumento, além do fator estético, que é bastante comprometido, ainda pode gerar dores e desconforto.
Para entender melhor isso, na mulher, temos dois hormônios principais, que tem como função promover o crescimento mamário, que são o estradiol e a progesterona. Estes dois hormônios são esteroides.
As origens para este desequilíbrio na produção e síntese destes hormônios podem ser variadas. Mas o mais comum é um desequilíbrio entre a ação estrogênica e androgênica, ocorrida devido ao problema na segregação do estrogênio e do androgênio, respectivamente.
Algumas patologias podem apresentar vários graus de gravidade da ginecomastia:
Grau I: aparecimento um botão localizado ao redor da aréola, nesse caso é apenas um tecido glandular fácil de remover;
Grau II: hipertrofia das glândulas mamárias poder haver o acúmulo de gordura na região, as magens do tecido em volta não são bem definidas, nesse caso é necessária a lipoaspiração para remoção do tecido gorduroso;
Grau III: Além da gordura e tecido glandular, existe a presença de flacidez e excesso de pele no local, nesses casos necessita uma incisão externa à aréola, na pele e/ou também uma reposição aréolo-papilar.
Causas da ginecomastia
As disfunções hormonais podem ocorrer em diferentes épocas, quando o indivíduo ainda é um recém-nascido, durante a puberdade ou na velhice, quando os hormônios são produzidos e segregados em menor quantidade.
As causas podem ter origem em doenças sistêmicas, como cirrose hepática, insuficiência renal, inanição; neoplasias, como tumores; doenças endócrinas, assim como hiperprolactinemia, hipogonadismo; ou pelo uso de drogas, como remédios usados na quimioterapia, drogas psicoativas, álcool, heroína, anabolizantes, entre outros.
A condição é relativamente comum, acomete cerca de 30% dos homens. Porém, o que pode-se perceber é que o uso de anabolizantes pode desencadear esse problema, principalmente quando são utilizados para fins somente estéticos.
Mais de 50% das pessoas que utilizam anabolizantes para aumentar o rendimento no treino físico apresentam algum tipo de disfunção hormonal, já que grande parte desses esteroides anabolizantes são androgênicos.
Graças a isso, é muito comum que esse tipo de fármaco acabe sendo mais suscetível à aromatização (quando ocorre a quebra do equilíbrio entre os hormônios sexuais). E quando ocorre a aromatização, devido ao uso de esteroides (em sua grande parte, compostos com base em testosterona), a ginecomastia é bastante comum.
Muitos dos usuários de AE’s com o intuito de evitarem a aromatização acabam colocando ao final dos ciclos de anabolizantes, o medicamente Citrato de Tamoxifeno (nome comercial Nolvadex), por ser um antagonista de estrógenos trabalhando no bloqueio dos receptores de estrógenos. O Tamoxifeno é usado principalmente no tratamento de câncer de mama em mulheres. Em um estudo de Braunstein (2007) foram estudados os efeitos do Tamoxifeno na diminuição de quadros de ginecomastia. Foram ministradas 20/mg ao dia, durante 3 meses e foi possível verificar uma melhora substancial do quadro, mas não o seu total desaparecimento.
Em contrapartida estudos tem relacionado esse medicamente com o aparecimento de câncer de fígado e uterino em mulheres que fazem o uso dele por longos períodos.
Sintomas da Ginecomastia
Sintomas mais comuns da ginecomastia:
- Dores e sensibilidades nas mamas;
- Coceiras;
- O crescimento fora do normal como dito anteriormente;
- A aparência de mama feminina;
- E o acúmulo de gordura na região.
De modo geral, além da dor e do aspecto feminino, a ginecomastia não provoca maiores problemas. Um dos problemas principais causados pela ginecomastia é em relação à autoestima do paciente. Além disso, conforme Mesquita (2009) preconiza, o tratamento não intervencionista (sem cirurgia), jamais irá conseguir regredir a mama ao quadro inicial. Apenas com cirurgia é que será possível melhorar o quadro 100%. Os medicamentos e tratamentos em geral, apenas amenizam o problema e auxiliam na redução da dor.
Tratamentos para Ginecomastia
O tratamento para ginecomastia, em sua grande maioria, cirúrgico, principalmente quando se trata de um caso mais grave, em que ocorreu um maior acúmulo de gordura nas mamas.
O exame pré-operatório consiste em avaliar a real causa do problema, através de uma dosagem de hormônio e da coagulação do sangue. Depois do diagnóstico realizado por um endocrinologista e por um mastologista, principalmente para não deixar quaisquer dúvidas em relação a tumores mamários, o paciente irá passar por um procedimento cirúrgico com fim estético, retirando o excesso de gordura naquele ponto.
A lipoaspiração também é um procedimento normalmente usado nesses casos. A cirurgia mais comum para a melhora do quadro de ginecomastia consiste de um pequeno corte em formato de meia lua na região da auréola da mama, retirando, neste ponto, pedras de gordura, que serão dissecadas.
Tratamento – Acima o resultado de uma intervenção cirúrgica
Após a cirurgia, o paciente será encaminhado para um tratamento hormonal. Antiestrogeno é um medicamento usado e tem se mostrado eficiente, principalmente quando administrado entre três e seis meses. O tamoxifeno, como dito a pouco, só deve ser usado para esse fim quando ocorre um desconforto maior, assim quando há prejuízos psicológicos grandes. A cicatrização leva cerca de um ano; entretanto, com um mês já é possível ver os resultados. Por uma ou duas semanas é necessário que o paciente fique em repouso absoluto, não fazendo atividades diárias. Entre um mês e dois meses, treinos e exercícios físicos devem ser evitados.
Como evitar a ginecomastia
O primeiro passo para evitar a ginecomastia é justamente não utilizar hormônios esteroides. Mas como cada vez mais temos pessoas utilizando hormônios a base de testosterona, temos alguns cuidados interessantes a serem feitos.
O primeiro dele é sempre procurar fazer ciclos com hormônios que não aromatizem. Isso evitará em grande parte o aparecimento da ginecomastia. Como este é um quadro difícil de ser encontrado, a utilização de hormônios anti-aromatizantes, em conjunto com a testosterona, por exemplo, é uma outra possibilidade interessante.
A utilização do Tamoxifeno é uma das mais comuns, por seu efeito inibidor de estrogênio.
No geral, para evitar a ginecomastia você precisa de um ritmo metabólico natural e normal, pois desta forma, você evitará problemas ainda maiores. Bons treinos!
Referências:
- Braunstein GD. Gynecomastia. N Engl J Med 2007;
- Narula HS, Carlson H. Gynecomastia. Endocrinol Metab Clin North Am 2007